O monumento do mineiro foi erguido apenas 58 anos após a Lei Áurea. Menos de três gerações separavam a abolição da escravidão da construção desta estátua. Isso mostra o quanto os descendentes de escravizados rapidamente estiveram na linha de frente da mineração, carregando sobre os ombros a riqueza que fez Criciúma crescer.

Estamos no mês da Consciência Negra, e essa lembrança é justa.
Mas aqui, hoje, o protagonista é o mineiro, o trabalhador do subsolo, o símbolo vivo desta cidade.

A Pedra do Zumbi, ali ao lado, não está para dividir espaço, mas para lembrar que a nossa história é feita de muitos povos que lutaram, e que todos merecem ser reconhecidos.

Este monumento também homenageia as lutas.
As greves históricas, que arrancaram direitos na marra e mostraram que um povo organizado muda o rumo da própria história.

Homenageia também as escolhedeiras, mulheres fundamentais na construção da economia carbonífera.
E aqui faço questão de dizer o nome completo: Catarina Ghisi Serafim. Tão importante que o Parque da Santa Luzia leva seu nome, um reconhecimento mais que merecido pela força de tantas trabalhadoras que sustentaram famílias e ajudaram a erguer Criciúma.

E o monumento também lembra das nossas dores.
Este ano completa 41 anos da tragédia da Mina Santana, em Urussanga. Quarenta e um anos desde que vidas foram arrancadas de suas famílias enquanto trabalhavam no subsolo, mostrando que a mineração sempre foi feita de coragem, mas também de riscos enormes.

É verdade que o setor avançou em segurança. Avançou muito! Mas ainda precisa avançar mais. Porque cada vida importa!

Por tudo isso, este monumento é muito mais do que bronze, concreto e memória.
Ele é coração pulsando na praça, é a alma de um povo que nunca deixou de lutar.
É a prova viva de que ninguém, absolutamente ninguém, apaga a história de um povo que sabe quem é, de onde veio e quanto custou chegar até aqui.
O mineiro é, e sempre será, a raiz firme desta terra, o símbolo maior de Criciúma, a identidade que resiste, que inspira e que segue iluminando gerações, mesmo depois de sair do subsolo.

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