The Donna Thereza Christina Railway Company Limited começou a ser construĂda em 1876, tendo sido inaugurada em 1884. A obra foi empreendida por investidores ingleses que contaram com a mĂŁo-de-obra nacional (brasileira) para realizar o trabalho. No inĂcio, realizava o transporte de carvĂŁo entre o porto de Imbituba a Minas (municĂpio de Lauro MĂĽller). A inauguração da estrada de ferro representou para regiĂŁo sul a chegada do “progresso” e como um sĂmbolo da chegada da civilização industrial, pois a ferrovia e o carvĂŁo foram as molas propulsoras da Revolução Industrial na Europa.
Contudo, o investimento nĂŁo rendeu o esperado. Os ingleses desistiram devido Ă baixa qualidade do carvĂŁo que nĂŁo compensava um grande aporte de capital. A companhia de carvĂŁo foi desativada em 1887 e a estrada de ferro foi mantida com os investidores ingleses atĂ© 1902, quando foi adquirida pelo governo federal. Segundo Nascimento, a ferrovia sĂł sobreviveu durante esse perĂodo “transportando mercadorias e passageiros no vale do rio TubarĂŁo” (2004, p. 28).
Em 1919 a Estrada de Ferro Dona Thereza Cristina (EFDTC) já sob nova administração foi aberta ao tráfego provisĂłrio e, em 1923, fora aberta ao tráfego de passageiros, realizando o ramal Lauro MĂĽller /CriciĂşma ao porto de Imbituba e Laguna, o que incluĂa uma importante faixa litorânea no transporte de cargas e de passageiros. Com a ferrovia, a circulação de pessoas tornou-se intensa. O complexo expandiu-se ao longo da primeira metade do sĂ©culo XX, em conjunto com a demanda nacional de carvĂŁo mineral para siderurgia, transporte e energia (termoelĂ©trica).
Na foto acima, do final da dĂ©cada de 1930, o trem da Estrada de Ferro passa pela ponte de cabeçuda, municĂpio de Laguna. A paisagem do mar que se espraia ao fundo da foto contrasta com a locomotiva que atravessa ao meio, levantando a fumaça; em cima e atrás do trem encontram-se trabalhadores da estrada de ferro; a fotografia dá um sentido de que o trem, representando o “progresso”, está cruzando a regiĂŁo, e levando junto consigo as pessoas, que atravĂ©s do trabalho, ligam-se a esse suposto progresso.
Fotografia: Ponte da Estrada de Ferro Teresa Cristina, Laguna/SC. Atual Ponte Ferroviária das Laranjeiras ou Ponte de “Cabeçudas”, 1936. Foto do Centro de Memória e Documentação CEDOC-UNESC.